domingo, 6 de dezembro de 2009

Cada Vez Mais Invisível

O debate sobre a cidade
Depois de diversas tentativas e uma quase desistência (eu já havia me esquecido do assunto) consegui finalmente entender como se "entra" neste Blog e, assim, poder fazer postagens. Para isso precisei da valiosa ajuda de minha filha Luiza que, entre outras habilidades, apresenta-se com total intimidade nessas coisas informáticas. No meu caso, apesar de não me incluir no grupo dos "jurássicos" reconheço que às vezes preciso de uma oportuna ajuda.
Bom, vamos ao que interessa. Já a algum tempo penso em utilizar esta ferramenta para troca de informações e, principalmente, discussões sobre a cidade. Nossa primeira turma chega neste semestre ao último período e pelo menos as outras três imediatamente abaixo já estão às voltas com as questões urbanas, seja nas disciplinas teóricas ou nas de projeto.
Sendo assim, ao propormos um fórum de debate sobre os diversos assuntos que envolvem a temática da cidade, com foco em Juiz de Fora e região, acredito que podemos contribuir mais ainda para a melhor formação de nossos alunos.
Penso também que, cumprida esta missão, nosso esforço já se justificaria, porém a internet nos permite ampliar nossos horizontes até aonde quisermos. O limite é a nossa disposição!
Estamos assistindo hoje cenas que já são conhecidas. Vem o verão, período das chuvas, e as chagas de nossa experiência urbana tornam-se mais visíveis. Todos nós sabemos que determinadas áreas não devem ser ocupadas. Sabemos que algumas delas não deveriam ser ocupadas nem mesmo por empreendimentos que supostamente tem recursos técnicos e financeiros suficientes para enfrentar os desafios da natureza. Dispomos de estrutura organizacional e arcabouço legal suficiente para não permitir ocupações em áreas inadequadas. Mas chega o verão...
E não é apenas a perda de dezenas de vidas, como em Angra, São Luís do Paraitinga ou em cidades do Sul, que deve nos mobilizar. Basta uma casa ruir e soterrar seus moradores para mostrar que a questão está aqui, ao nosso lado. Não é a primeira vez que isso acontece e pela forma que tratamos o território urbano e, em particular, a questão da habitação, infelizmente não será a última.
Com certeza existem muitas questões envolvidas aí. Sabemos, ou pelo menos pensamos saber, das mazelas que envolvem nossa sociedade. Sabemos também que as questões urbanas não estão circunscritas à esfera do urbanista e de suas maravilhosas soluções saídas da prancheta (oops! perdão, do computador!). Mas é aí que está, no meu entender, a riqueza e a pertinência do debate! A começar pela velha questão: qual é o nosso papel? E o que estamos propondo?
Em seu livro recém lançado "O Condomínio Absoluto", que narra a história do projeto do São Paulo Tower, uma colossal pirâmide estilo hindu (?), "eventual maior edifício do mundo", idealizado pelo guru Yogi Maharishi (acredite, isso é fato!!), o arquiteto Carlos Teixeira nos coloca diante de inúmeras questões. Dentre elas, chamou-me atenção uma "provocação" do poeta Décio Pignatari, em meio a calorosos debates, nos meios de comunicação, a favor e contra o empreendimento: "porque agora [os arquitetos] se espantam que uma fantasiosa e fantástica Borobudur possa vir a ser implantada em São Paulo? (...) Nada fizeram pela renovação da arquitetura em 30 anos - e agora se veem ameaçados no seu ponto de honra: o mercado. Melhor dizendo: reserva de mercado."
Provocação feita, o debate está aberto.